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Arqueologias dos Arquivos da Arquitetura Moderna-Colonial: Presenças, Ausências e Apagamentos

equipe
Paulo Roberto Carvalho Tavares (coord.)

Tanto em narrativas clássicas como na produção contemporânea, grande parte da historiografia/ teoria da arquitetura e da cidade modernas, incluindo as vanguardas estéticas e o urbanismo, ignoram o contexto imperial-colonial dentro do qual artefatos, movimentos, planos, arquivos, imagens, exposições e narrativas da modernidade foram produzidos e se desenvolveram. Isto é particularmente problemático em relação à América Latina, e especialmente em relação ao Brasil, onde a modernidade - no campo da arquitetura, do planejamento, do patrimônio e das artes - é associada a uma narrativa heroica de nacionalidade e independência cultural que inibe até os mais severos críticos a reconhecer sua funcionalidade dentro da matriz colonial de poder intrínseca ao processo de formação dos estados nacionais "pós-coloniais" ao longo de século XIX e XX. Por exemplo, Brasília, uma cidade fundamentalmente arraigada nos legados simbólicos e materiais da violência colonial que os historiadores insistem em chamar de moderna. Interrogam-se os arquivos sem questionar as epistemologias dentro das quais estes arquivos operam, as estruturas de poder que servem, e o modo pelo qual o regime de visibilidade que apresentam na verdade operam sobre apagamentos. Assim acabam por legitimar um processo de violência através de estruturas de raça, classe e gênero forjadas pelo colonialismo e seus legados, ao mesmo tempo em que servem como instrumentos pelos quais esta violência é perpetrada, ontem e hoje. Questionando este regime de práticas e visibilidades, o projeto "Arqueologias dos arquivos da arquitetura moderna-colonial: presenças, ausências e apagamentos" abre um campo de interrogação nas fissuras coloniais da modernidade, buscando escavar novos materiais que contestem narrativas hegemônicas sobre a formação da arquitetura, das cidades e das artes vis-à-vis questões sobre nacionalismo, raça, gênero, sexualidade e classe. O escopo de investigação abarca objetos culturais de diversos campos, incluindo artefatos construídos, arquivos, projetos, planos, exposições e práticas artísticas e curatoriais.

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